INTRODUÇÃO
A possibilidade de cura da hepatite C nos infectados com os genótipos 2 e 3 em tratamento com interferon peguilado e ribavirina oscila segundo diversos estudos entre 74% e 77%. Porém, em pacientes de pele negra ou descendentes de hispânicos a taxa de cura é ainda menor, de somente 57%.
Em função dessa diferença recentes estudos têm abordado a questão da melhoria do hospedeiro (o organismo do paciente) utilizando a Vitamina D que é um potente imunomodulador que favorece a imunidade. Níveis baixos de Vitamina D, inferiores a 20 ng/ml impedem os macrófagos de iniciar a resposta imune inata.
Para absorção da Vitamina D pelo organismo é necessária a exposição ao sol, como indivíduos de peles mais escuras absorvem menos raios solares que os indivíduos brancos, os de pele preta e os hispânicos são deficientes em Vitamina D, ficando mais propensos a contrair infecções virais e tuberculose do que os brancos caucasianos. Além disso, a Vitamina D melhora a sensibilidade à insulina e melhora as células CD4. A deficiência de Vitamina D é muito comum entre os pacientes com doenças que atacam o fígado, pelo menos um terço delas sofre de grave deficiência de Vitamina D, com níveis inferiores a 12 ng/ml.
O teste de sangue para se conhecer o nível de Vitamina D é o "25-hidroxi-vitamina D"
A PESQUISA NOS GENÓTIPOS 2 E 3
50 pacientes infectados com os genótipos 2 e 3 da hepatite C foram divididos em 2 grupos. Um recebeu tratamento com interferon peguilado e ribavirina e o segundo grupo recebeu além do interferon peguilado e ribavirina a Vitamina D.
A Vitamina D administrada era de uso oral, na dosagem de 2.000 UI ao dia, iniciando 12 semanas antes do tratamento com o interferon peguilado e ribavirina, para alcançar um nível de 32 ng/ml e mantendo a Vitamina D durante todo o tratamento. Nenhum efeito adverso ou colateral causado pela Vitamina D foi observado.
O grupo que recebeu a Vitamina D apresentava um maior percentual de pacientes com IMC (massa corporal) e carga viral elevada que o grupo tratado somente com interferon peguilado e ribavirina, o que supostamente deveria apresentar menor resposta terapêutica devido às características dos pacientes.
Porém o resultado surpreende!
Após 24 semanas do final do tratamento o grupo tratado com interferon peguilado e ribavirina (sem Vitamina D) obteve 77% de pacientes curados. Já no grupo tratado com interferon peguilado, ribavirina e Vitamina D obtiveram 95% dos pacientes curados.
Sim, está escrito corretamente, o percentual de pacientes que obtiveram a cura quando utilizada também a Vitamina D foi de extraordinários 95% dos infectados com os genótipos 2 e 3 da hepatite C.
MEUS COMENTÁRIOS
Muito já escrevi sobre os benefícios da hepatite C no tratamento do genótipo 1 e, agora com a comprovação dos benefícios que consegue aportar nos infectados com os genótipos 2 e 3 fica mais que evidente que não testar os níveis de "25-hidroxi-vitamina D" e não utilizar a Vitamina D durante o tratamento se os níveis são inferiores a 32 ng/ml é desperdiçar uma maior possibilidade de cura da hepatite C, em qualquer dos genótipos.
Os que estiverem interessados no artigo completo (em inglês) o mesmo está publicado na integra em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3286143/
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Vitamin D improves viral response in hepatitis C genotype 2-3 naïve patients - Nimer A, Mouch A. - World J Gastroenterol. 2012 Feb 28;18(8):800-5.
Carlos Varaldo
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