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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O QUE ACONTECE NA VIDA REAL NO TRATAMENTO DA HEPATITE C?



O que acontece na vida real no tratamento da hepatite C?


Enquanto aguardamos dados sobre o número de pacientes curados, os efeitos colaterais e o manejo dos pacientes com a utilização dos inibidores de proteases que a partir de julho de 2010 estão sendo utilizados em vários países, uma excelente analise do tratamento tradicional está sendo publicada pela revista Antiviral Therapy.

O objetivo do estudo foi documentar na vida real da pratica clínica as características e manejo de pacientes infectados com hepatite C tratados com interferon peguilado (Pegasys) e ribavirina e a resposta sustentada (pacientes curados).

Os dados de 2.066 pacientes incluíam 70% recebendo tratamento antiviral pela primeira vez e, 30% eram retratamentos. O genótipo 1 estava presente em 53% dos pacientes e 38% infectados com os genótipos 2 ou 3, os 9% restantes eram infectados com outros genótipos. 35% apresentavam elevada fibrose (F3) ou cirrose (F4)

O tratamento de 18% dos pacientes durou 24 semanas e 39% dos que tiveram indicação para tratamento de 48 semanas interromperam prematuramente o tratamento, principalmente por causa de efeitos colaterais.

A cura foi conseguida por 39% dos pacientes que iniciaram tratamento. Entre os que foram tratados pela primeira vez, 43% ficaram curados da hepatite C, contra 31% dos que receberam o retratamento por terem fracassado a um tratamento anterior.

Ao descartar os pacientes que por diversos motivos interromperam o tratamento e analisar o que aconteceu com os que completaram o tratamento previsto, a cura total atingiu 49% dos pacientes, sendo 54% entre os que receberam tratamento pela primeira vez e 37% entre os que receberam o retratamento.

Entre os pacientes que recebiam tratamento pela primeira vez a cura foi obtida por 42% dos infectados com o genótipo 1 e 69% dos infectados com os genótipos 2 e 3.

Nos infectados com o genótipo 1 que receberam tratamento antiviral pela primeira vez o estágio da fibrose foi o melhor indicador para obter a cura. Os que não apresentam fibrose (F0) a cura foi de 69% dos pacientes, entre os que a fibrose era moderada (F1 e F3) a cura foi de 44% e entre os que apresentavam fibrose elevada ou cirrose (F3 e F4) a cura foi de somente 31%.

Nos infectados com os genótipos 2 e 3 tratados pela primeira vez a carga viral abaixo de 800.000 UI/Ml e a idade inferior aos 40 anos foram os principais fatores preditivos para obter a cura.

Entre os pacientes que recebiam retratamento por terem fracassado a um tratamento anterior os fatores preditivos para obter a cura foram apresentar baixa carga viral, um estágio de fibrose mínimo (F0 ou F1) e a complementação das 48 semanas de tratamento.

Concluem os autores que os resultados obtidos confirmam os apresentados em ensaios clínicos e outras publicações.

MEU COMENTÁRIO:

Confirmam os dados a importância de diagnosticar o mais precocemente possível os milhões de infectados com hepatite C. Ao saber que se o indivíduo infectado com o genótipo 1 que apresenta fibrose mínima possui uma possibilidade de cura de 69%, mas que se ele chegou a uma fibrose elevada ou a cirrose a possibilidade de cura será de somente 31%, menos da metade, fica a pergunta: Porque esperar para encontrar os que estão perdendo a vida?

Os outros pontos do estudo são simples de interpretação, isto é, a adesão e completar o tratamento indicado pelo médico é fundamental para conseguir sucesso com o tratamento, daí que quando os pacientes são atendidos em centros de tratamento assistido multidisciplinar muitos conseguem completar o tratamento e por isso o número de pacientes curados aumenta em 25%.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Pegylated interferon-?2a plus ribavirin for chronic hepatitis C in a real-life setting: the Hepatys French cohort (2003-2007) - Bourlière M, Ouzan D, Rosenheim M, Doffoël M, Marcellin P, Pawlotsky JM, Salomon L, Fagnani F, Rouanet S, Pinta A, Vray M. - Antiviral Therapy (an official publication of the International Society of Antiviral Research). 2012;17(1):101-10.
Service d'Hépato-Gastroentérologie, Hôpital Saint-Joseph, Marseille, France.

Carlos Varaldo

HEPATITE C - QUEM DEVE (E PODE) SER TRATADO



Hepatite C - Quem deve (e pode) ser tratado


Em geral todos os infectados com o vírus da hepatite C devem ser considerados como candidatos a receber tratamento. Para tomar a decisão de tratar um infectado o médico vai avaliar o estágio da doença (dano existente no fígado) e realizar um histórico clínico completo para diagnosticar a presença de outras doença ou condições existentes. De posse desses dados deverá explicar ao paciente a historia natural da progressão da doença, a eficácia do tratamento no seu caso particular, os efeitos colaterais e adversos que poderão acontecer e, caso já tenha realizado um tratamento anterior deverá determinar o porquê do fracasso.

Recomendações de consenso internacional para tratamento com interferon peguilado e ribavirina (ATENÇÃO: Para tratamento com os inibidores de proteases leia atentamente as informações da seção TRATAMENTO COM OS INIBIDORES DE PROTEASES encontrada em http://www.hepato.com/p_tratamentos_inibidores/aa_trat_inibidores.html ) em geral recomendam tratamento para indivíduos com mais de 18 anos de idade, com o vírus detectado pelo HCV/RNA, com um grau de fibrose F2 ou superior (no caso do genótipo 1), com doença hepática compensada, sem quadros de ascites ou encefalopatia, bilirrubina menor que 1,5 g/dl, INR maior que 1,5, albumina maior que 3,4, plaquetas acima de 75.000, hemoglobina acima de 13 g/dl para os homens e acima de 12 g/dl para as mulheres, neutrófilos acima de 1.500/mm3 e, creatinina maior que 1,5 mg/dl.

Os diferentes consensos e protocolos de tratamento diferem em alguns dos valores, por isso é normal que muitas vezes o tratamento é realizado em pacientes fora desses parâmetros, podendo ser pacientes com menos de 18 anos, sem realização de biopsias (em especial quando dos genótipos 2 e 3), cirrose em inicio de descompensação e, plaquetas, hemoglobina ou neutrófilos abaixo dos limites de consenso. Cabe ao médico avaliar cada caso separadamente e segundo seu critério indicar, ou não, o tratamento.

O histórico clínico do paciente deve ser levantado minuciosamente antes de indicar o tratamento antiviral da hepatite C para auxiliar na decisão,

Entre os fatores de risco a serem considerados se encontra o tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, diabetes e hipertensão. Histórico de doenças cardíacas como angina, intolerância ao exercício. Eventos anteriores como infarto e doença valvular necessitam de uma avaliação cardiológica (teste de esforço e eletrocardiograma com opinião e laudo de um cardiologista).

O abuso de bebidas alcoólicas ou o uso de drogas não é uma contra-indicação, não entanto cuidados especiais devem ser tomados. Pacientes nessas condições devem receber obrigatoriamente atendimento multidisciplinar.

Exames para diagnosticar toda e qualquer doença autoimune, como artrite reumatóide, doença inflamatória intestinal, etc., devem ser realizados para garantir que não acontecerá qualquer exacerbação ao utilizar o interferon. Existindo anormalidades na tiróide a mesma deve ser estabilizada antes de iniciar o tratamento.

Pacientes com indícios de depressão devem receber tratamento antidepressivo antes de iniciar o tratamento e serem acompanhados por um especialista durante todo o tratamento. O tratamento antidepressivo é mais eficaz quando iniciado antes do tratamento da hepatite C.

Uma avaliação psiquiátrica em pacientes com histórico de transtorno bipolar, psicose, uso de medicamentos psicóticos ou doenças psiquiátricas não controladas exige avaliação antes do inicio do tratamento por um psiquiatra e, acompanhamento permanente durante o tratamento da hepatite C.

Nas mulheres deve ser realizado o teste da gravidez e deve ser explicado sobre o planejamento familiar, informando que durante o tratamento e até seis meses após o final a gravidez deve ser totalmente evitada quando qualquer um dos parceiros for o paciente a ser tratado. As mulheres em fases adultas devem ser informadas sobre a possibilidade de poder optar para ter filhos antes de iniciar o tratamento da hepatite C.

O paciente deve avaliar criteriosamente uma possível redução na sua capacidade de trabalho durante o tempo de tratamento, devendo explicar a seus chefes que durante o tempo de tratamento a produtividade poderá ser menor e algumas faltas para atendimento médico serão necessárias. Algumas funções pode sofrer maior interferência, como no caso de motoristas ou operadores de máquinas. A parte financeira é importante para os profissionais liberais e autónomos, pois poderá sofrer diminuição devido a menor capacidade laboral.

Um exame físico completo é necessário antes de iniciar o tratamento da hepatite C objetivando identificar problemas que devem ser tratados antes de iniciar o tratamento ou para servir de parâmetros comparativos a serem avaliados durante o tratamento. Entre os vários fatores a serem observados cabe estacar o peso, estado nutricional, exame físico da cabeça, orelhas, olhos, nariz e garganta, presença ou ausência de icterícia, nódulos na tiroide, exame da retina para descartar retinopatia, presença de complicações dermatológicas (purpura, vasculite, porfiria cutânea tardia), psoríase, erupção cutânea, sinais de cirrose (aranhas na pele, palmas vermelhas, veias dilatadas no tórax e no abdome), sinais de insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória, avaliação do peito durante a respiração, ascite, esplenomegalia (aumento do fígado), edema periférico, neuropatia, etc.

Exames de laboratório antes de iniciar o tratamento incluem o hemograma completo objetivando avaliar anemia, leucopenia e trombocitopenia, deficiência de ferro, ferritina, creatinina, transaminases, albumina, INR, bilirrubina, TSH, testes diagnósticos da AIDS (HIV) e das hepatites A e B, teste de gravidez, determinação do genótipo e carga viral.

A biopsia para determinar o grau de fibrose é importante, sendo considerada como o melhor e mais assertivo método para um resultado correto, mas em determinados casos a utilização de métodos não invasivos estão sendo a cada dia considerados com maior aceitação como suficientes. O grau de fibrose impacta diretamente sobre a possibilidade de cura e auxilia o médico para determinar o tempo de tratamento.

Pode parecer exagero, mas não realizar uma avaliação criteriosa antes de iniciar o tratamento poderá resultar no acontecimento de problemas com efeitos nada agradáveis durante o tratamento, alguns deles até potencialmente graves. O paciente não deve reclamar da quantidade de exames solicitados pelo médico nem do tempo demorado que a realização deles demanda, pois o médico está sendo prudente, cuidando de indicar o melhor que pode ser feito para seu caso especifico.

Carlos Varaldo

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

CONSULTA E DIAGNÓSTICO

Hoje, estive no CEMERTRON, em Porto Velho, realizando uma consulta com a Dra. Lourdes Borzakov, e o resultado foi animador.
Com a carga viral em torno de 1.700.000 , e com a genotipagem especificada, o tratamento será de 1 ano com Interferon peguilado.
Agora só falta a biópsia para detectar qual o estado de fibrosidade do fígado e começar o tratamento.
E vamos em frente!!!!



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DISCRIMINAÇÃO E DIREITOS

Discriminação e Direitos


EU VOU SER DISCRIMINADO POR TER A DOENÇA?

Embora muita gente tenha essa preocupação, dentro da doença o que se vê é que a Hepatite jamais terá o estigma de segregação e discriminação de doenças como, por exemplo o HIV/AIDS, que já nasceu aos olhos da opinião pública, infelizmente, para muitos, como “doença de pessoas promíscuas”. Esta imagem é horrível, injustificada, preconceituosa e fez com que as vítimas do HIV/AIDS sofressem em dobro pela doença e pela discriminação.

A hepatite, por sua vez, já é conhecida desde muitos anos, por todos, como “uma inflamação no fígado” e nada mais. Não carrega o peso de outros conceitos. Acreditamos e incentivamos você a não se esconder. A não se omitir. A não ter medo de dizer que tem hepatite C. Emende logo, contudo, que “é uma doença que se pega só com o contato sanguíneo” – só para que alguns não tenham medo de respirar perto de você, etc.

Cabe muito ao portador de hepatite NÃO contribuir para que possa haver um crescimento de preconceito em relação à doença. Quando você se esconde ou fala com receio, pode, sem querer, contribuir para que haja um preconceito crescente.
A doença é normal. Não mata instantaneamente, muito pelo contrário. Tem cura. E o portador é uma vítima de um sistema de saúde que não sabia que existia o vírus, antes de 1992.

DIREITOS DO PORTADOR DE HEPATITE

Há alguns direitos especiais que o portador de hepatite pode ter, dependendo de seu caso, do estágio da doença, etc.

Para isso a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PORTADORES DE HEPATITE disponibilizará um atendimento jurídico para esclarecer dúvidas e defender o direito dos portadores.

PÍLULAS DA BRISTOL-MYERS CONSEGUEM NEGATIVAR VÍRUS DA HEPATITE C, SEM INJEÇÕES.

Pílulas da Bristol-Myers conseguem negativar vírus da Hepatite C, sem injeções.


Por Drew Armstrong e Robert Langreth
Fonte –New England Journal of Medicine / hepatitis Central

19 janeiro (Bloomberg) - A combinação de dois comprimidos experimentais, do laboratório Bristol-Myers Squibb Co. negativou o vírus da hepatite C em 36 por cento dos pacientes que não respondiam a tratamentos anteriores, com os remédios convencionais, de acordo com estudos recentes publicados no New England Journal of Medicinie.
O estudo é o primeiro a sugerir que casos de hepatite C que não respondiam ao tratamento convencional podem ser curados e sem o uso do interferon ou de drogas injetáveis, disse Anna Lok, principal autora do estudo e diretora de hepatologia da Universidade de Michigan em Ann Arbor.
O Interferon, provoca efeitos colaterais desagradáveis, incluindo sintomas de fadiga e de gripe , entre tantos outros.
Companhias farmacêuticas, incluindo Merck, Bristol-Myers & Co., Gilead Sciences Inc., e Vertex Pharmaceuticals Inc. estão em uma verdadeira corrida a fim de lançarem novos remédios sem o uso do interferon. Os novos resultados em 21 pacientes mostram que essa terapia será possível, Lok disse. A Bristol-Myers, com sede em Nova York, tem planos de realizar novos testes, em fase final, no Japão, disse a empresa ontem em comunicado.
Tratamentos orais com menos efeitos colaterais poderiam aumentar consideravelmente o número de pacientes tratados, de acordo com um editorial no New England Journal of Medicine, onde o estudo foi publicado ontem.
"Estamos no limiar de uma revolução de tratamento que irá melhorar significativamente a eficácia da terapia HCV", escreveu Raymond Chung, um gastroenterologista no Massachusetts General Hospital em Boston. Ele classificou o momento como "um divisor de águas nos anais da terapia HCV."
Resultados do Estudo
O estudo comparou duas pílulas da Bristol-Myers em combinação com interferon . As pílulas foram tomadas por 21 pacientes com hepatite C que não tinham resposta a tratamentos anteriores, com a terapia existente. Constatou-se que 4 dos 11 pacientes tinham vírus indetectável 24 semanas após o tratamento com as drogas Daclatasvir e Asunaprevir.
Adição de drogas injetáveis, no entanto, aumentou a taxa de resposta. Os resultados mostraram que 9 de 10 pacientes que receberam as duas drogas orais mais Interferon e uma quarta droga, a Ribavirina, por 24 semanas não tinham vírus detectável 24 semanas após a interrupção do tratamento.
"A combinação de drogas que escolhemos pode não ser a melhor, e precisamos ajustar e encontrar a melhor combinação", disse Lok em uma entrevista por telefone de Ann Arbor.
Tratamentos combinados com o interferon e a ribavirina conseguem eliminar o vírus a de apenas cerca de metade dos pacientes no genótipo 1, o mais comum de hepatite C nos EUA, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention, em Atlanta.
 As novas terapias tem como alvo um tratamento totalmente oral , com menos efeitos colaterais. As taxas de cura serão aumentadas e o tempo de terapia mais curto.

"Remédio terrível"
Interferon é "realmente uma droga terrível. Tem efeitos colaterais terríveis e os pacientes o odeiam", disse Lok. "Se você é um paciente com hepatite C e tem uma doença hepática em estágio inicial e não pode tolerar o Interferon, você pode esperar, pois há nova luz para os pacientes."
O vírus infecta o fígado e é transmitido através do sangue. O CDC estima que 3,2 milhões de americanos tem hepatite C, que pode causar doença do fígado e mata de 8.000 a 10.000 pessoas por ano em os EUA
Bristol-Myers patrocinou o ensaio clínico. Parte dos dados foi apresentada em outubro de 2010 , no encontro da Associação Americana para o Estudo das Doenças do Fígado, em Boston.
Não se sabe ainda qual a combinação de pílulas que irá produzir os melhores resultados, o que tem levando o mercado a uma enxurrada de ofertas e transações recentes, A gigante  Bristol-Myers recentemente concordou em gastar US $ 2,5 bilhões para comprar a Inhibitex Inc., que está desenvolvendo um medicamento oral chamado INX-189 para o tratamento da hepatite.C. A Gilead, com sede em Foster City, Califórnia, maior fabricante mundial de medicamentos contra a Aids, também recentemente pagou 10,8 bilhões dólares pela Pharmasset Inc.
Inhibitex e Pharmasset tem suas "armas nucleares", os inibidores da polimerase de nucleotídeos, que são destinadas a interromper a replicação doo vírus da hepatite C.. Estas drogas podem ser usados ​​em um tratamento combinado e totalmente oral.
Lok disse que o teste final na prova de conceito deve desencadear outros estudos para descobrir quais são as medicações orais que melhor eliminam o vírus do corpo.

Minha opinião
O Interferon, droga temida e detestada, ainda que o grande responsável por salvar tantas vidas, é um remédio odiado e tem os seus dias contados.
A grande notícia que traz esta matéria é o fato de que não respondedores podem se curar e , sem o Interferon.
A matéria ainda frisa que quase todos os não respondedores se curam, quando o Interferon e a Ribavirina é adicionada. E que o tempo de tratamento para isso foi de apenas 24 semanas ( metade das 48 hoje indicadas para o genótipo 1)
Concluindo
O dia do “Interferon-free” chegará. Creio que em torno de 3 a 4 anos.
Quem tem doença em fase inicial, F-O ou F-1 deve esperar para iniciar o tratamento. Não há porque submeter-se a sacrifícios agora.

Humberto Silva
Presid. da A.B.P.H.
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

TRATAMENTOS ALTERNATIVOS-EFEITO PLACEBO?



Tratamentos alternativos - Efeito placebo?


Ervas, vitaminas, chás, sucos, orações, Reiki, fé, alimentação, acupuntura, meditação, atividade física, ortomolecular, homeopatia e muitas outras "coisas" que podemos incluir entre aquilo que é considerado como "medicinas alternativas" podem curar uma doença? 

É complicado e até impossível uma resposta correta já que qualquer alternativa provoca o chamado efeito placebo, quando o paciente está consciente do beneficio que pode outorgar, um mecanismo de ação sobre o organismo muito pesquisado. 

Então a resposta terapêutica do efeito placebo seria uma adaptação e evolução no mecanismo de ação do organismo para conseguir a melhora ou cura de uma doença, atuando em diferentes níveis, seja ele o genético, o social ou o cultural. Por tal motivo considerar o placebo como um agente inerte é totalmente errado, porque sua administração produz um efeito, denominado precisamente efeito placebo. 

Não se deve confundir o efeito placebo durante a pesquisa de um medicamento com o efeito placebo em um doente individual. Em pesquisas o efeito placebo é aquela pílula que pode ser o medicamento em investigação ou pode ser simplesmente agua com açúcar. O paciente não sabe o que esta tomando. 

Quando um doente em cuidados médicos faz conjuntamente uma ação alternativa é consciente daquilo, estará observando seu efeito e por lógica estará ao mesmo tempo cuidando de forma mais acertada o tratamento e recomendações indicadas pelo seu médico. Dessa forma a alternativa está para somar, não para substituir o tratamento medicamentoso. 

Quando se procura com uma alternativa maximizar a possibilidade de cura, o efeito placebo é contextual ao desencadear uma resposta reparadora do sistema funcional e imune do organismo. O provérbio latino "Mens Sana in Corpore Sano" pretende chamar a atenção para a união e complementaridade existente entre o corpo e a mente. Da mesma forma, o tratamento medicamentoso pode ser beneficiado por alguma alternativa se feita com critério e conhecimento do médico. 

A alternativa pode aumentar o controle emocional do doente, tal qual o provérbio latino da mente sadia. Ignorar isso seria ignorar o efeito negativo do estresse psicológico que causa o diagnostico de uma doença crônica ou de uma desgraça familiar, quando se observa uma diminuição acentuada da resposta imunológica, endocrínica e da resposta a dor. Ao final, a notícia ruim que causou o desequilíbrio harmônico do organismo não foi um medicamento e sim um placebo, que por ser negativo produz o efeito "Nocebo", isto é, contrario ao que seria receber uma boa notícia. 

Então, se a ciência aceita que o estresse que causa uma notícia ruim provoca alterações orgânicas que afetam a capacidade de reação do organismo o deixando mais vulnerável, porque não aceitar que os alternativos podem causar, como placebos, efeitos benéficos para o indivíduo? 

Carlos Varaldo

É COMUM A TRANMSMISSÃO SEXUAL DA HEPATITE C?


É comum a transmissão sexual da hepatite C?


A transmissão da hepatite C basicamente acontece por exposição a sangue infectado com o vírus. A transmissão raramente acontece na exposição a outros fluidos do corpo de um infectado, como o sêmem. 

Casais que vivem juntos há muitos anos e, que um dos dois se encontra infectado pela hepatite C, que pratiquem relações sexuais monógamas, apresentam um risco de transmissão sexual entre ZERO e 0,6% ao ano. Os Consensos Internacionais e o Centro de Doenças e Prevenção - CDC dos Estados Unidos não recomendam o uso de preservativos (camisinhas) para prevenir a transmissão nestes casais monogâmicos. 

A recomendação para estes casais é para não compartilhar escovas de dentes, laminas de barbear e instrumentos de manicure/pedicure, pois estas situações apresentam maior possibilidade de transmissão que na relação sexual.

Se o infectado com a hepatite C também se encontra infectado com o HIV/AIDS então será necessário sempre fazer uso do preservativo na relação sexual, pois nestes casos o risco de transmissão e aumentado.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo


HEPATITE C É UMA DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL?


Hepatite C é uma doença sexualmente transmissível?


 Afinal, a hepatite C pode ser considerada uma DST?



As pesquisas mostram que a transmissão da hepatite C entre casais heterossexuais monogâmicos é muito rara. Nos estudos que li, essa ocorrência varia de 0,4% a 3% (com variações dentro desses valores; por exemplo, em artigo apresentado pelo Grupo Otimismo em 2005, o risco seria de 0 a 0,6% ao ano). 

É interessante observar que, em vários casos em que o parceiro também está infectado, o genótipo do vírus ou a variação de seu genoma são diferentes do outro, o que exclui a possibilidade de transmissão entre eles. Além disso, muitas vezes são observados outros fatores de risco, como compartilhamento de lâminas de barbear e instrumentos de manicure, uso de drogas injetáveis ilícitas e uso de tatuagem (que pode ter sido feita sem a devida esterilização/descarte dos instrumentos). 

Em 2007, foi publicado estudo sobre a transmissão sexual por meio de sexo anal. Até então, falava-se da pequena incidência de transmissão no sexo "normal", mas cogitava-se que no sexo anal, pelo risco de fissuras que pudessem apresentar traços de sangue, o risco seria maior. No estudo realizado com homossexuais masculinos, isso não se verificou. 



Lembrem que a hepatite B é sexualmente transmissível e o risco de contágio é cem vezes mais fácil que o da Aids, além do número de infectados com hepatite B ser três vezes superior aos de infectados com HIV (fonte: Hepatite B - uma epidemia em crescimento). Além disso, não preciso lembrar vocês do número de DSTs existentes, né? Bom, é sempre bom lembrar: Aprenda sobre as DSTs - Ministério da Saúde

A hepatite C não é uma doença sexualmente transmissível, mas, em alguns casos, pode ser transmitida sexualmente. Pra você não há diferença entre essas duas coisas? Pra mim há muita diferença.

Fontes para consulta:

sábado, 21 de janeiro de 2012

SEMANA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO DA HEPATITE


Do dia 19 a 26 de maio será realizada a Semana Mundial de Conscientização da Hepatite. A ideia é que, através de ações no mundo inteiro, a população seja informada sobre o que é a doença e a necessidade de que todos façam o teste para saber se estão infectados. Como símbolo do Brasil e da preservação da vida, o Cristo Redentor receberá uma iluminação especial nas cores da campanha para apoiar a causa.

O Presidente da Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite, Humberto Silva, disse que as cores da Campanha são vermelho e amarelo. Para ele, a iluminação do Cristo no primeiro dia da Campanha é um privilégio, pois, sendo símbolo do Brasil, o Monumento iluminado mostra que todo o país está chamando atenção para a causa.

Portador da doença há 40 anos, Humberto explicou que as hepatites B e C atacam o fígado quase sempre sem sintomas e, silenciosamente, desenvolvem graves formas evolutivas. Após 20 anos de infecção é comum surgirem comprometimentos das funções hepáticas, tais como a cirrose e o câncer de fígado.

A Organização Mundial da Saúde estima que até seis milhões de brasileiros não sabem que estão doentes, infectados com as hepatites B e C. Quanto mais cedo for detectada a hepatite, maiores são as chances de impedir a progressão ou curar a doença.

Humberto destacou que por não apresentarem sintomas, o ideal seria que todas as pessoas façam o teste de detecção das hepatites na próxima consulta médica.

- É um teste barato, feito através de uma simples coleta de sangue. Basta procurar um posto de saúde e solicitar o teste de detecção das hepatites B e C. No caso de possuir plano de saúde, utilize-o, pois todos dão cobertura para a realização do teste, esclareceu.

Na noite da quinta-feira, 19 de maio, os cariocas poderão admirar o monumento do Cristo Redentor iluminado pelas cores vermelha e amarela. Aos pés do Monumento, o Reitor do Santuário, Padre Omar Raposo, realizará uma benção ao início da Campanha.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A DOR DO PRECONCEITO

O que mais dói no momento, não é saber que sou portador de HCV, é o preconceito, e dentro de minha própria casa!
Não adianta pesquisar, informar, mostrar, pois por mais que esteja alí, visível, as pessoas pensam que só de olhar um portador de HCV, já estarão contaminadas!
HCV é uma doença infectocontagiosa transfusional!
Não se contrai por abraço, beijo, suor, saliva, sexo convencional e assim por diante!
Não se pega HCV através do suor!
Não se pega HCV através da saliva!!!
Em casais monogâmicos, com vida sexual ativa, a probabilidade de contrair a doença é quase nula, pois só se contrai o HCV através de contato com o sangue e seus derivados!!!
E assim vou levando minha vida!
E esse é o apoio que tenho encontrado em minha casa.

Desculpem o desabafo.

 - Hepatite C
A maior epidemia da humanidade hoje, superior à AIDS/HIV em 5 vezes. A transmissão é por contato sanguíneo, via transfusões, dentistas, seringas compartidas, etc. Não se transmite por sexo (a menos que haja sangramento mútuo) Não tem vacina. Existem subdivisões de seu vírus (o genótipo 1, 2 e 3 e os raros 4, 5 e 6). Existem, no mundo cerca de 200 milhões de pessoas que carregam o vírus da hepatite C.

A hepatite C é a principal causa de transplantes de fígado, respondendo por 40% dos casos. Pode causar cirrose, câncer de fígado e morte.
Será que agora vou ter um pouco de paz????


O DIAGNÓSTICO PRECOCE É A MELHOR DEFESA. PODEMOS SALVAR MILHÕES DE VIDAS SE OS TESTES FOREM FEITOS E AS PESSOAS TRATADAS A TEMPO.










quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

NOVOS MEDICAMENTOS

PROVADOS NOS E.U.A. DOIS NOVOS REMÉDIOS CONTRA A HEPATITE C.

As chances de cura chegam até a 86%

No último mês de Maio (2011) foram aprovadas duas novas drogas que há muitos anos estavam em teste e que demonstraram, nos E.U.A, que são altamente eficazes no tratamento da hepatite C.

Os medicamentos são o Incivek (nome comercial do componente Telaprevir) e o Victrelis (nome comercial do componente Boceprevir).

As duas drogas chegam após um jejum de 20 anos sem qualquer novidade em termos de remédios , para a hepatite.

As substâncias, chamadas de inibidores de Protease, agem diretamente sobre o vírus, impedindo a sua multiplicação, ao contrário do que era até hoje realizado, com terapias indiretas de combate ao vírus, fazendo com o o organismo viesse a produzir defesas.

Os novos remédios são muito parecidos entre sí  e vão disputar um mercado internacional bilionário.
 
Os dois agem somente no genótipo 1 do vírus C  (o mais difícil de se tratar) e, aumentam as chances de cura consideravelmente.

Os dois remédios prometem níveis de cura em torno de 76% para pacientes nunca tratados e de até 86% para os que se trataram e recairam. Os que se trataram e responderam parcialmente também têm chances aumentadas, assim como os não respondedores (ver tabela abaixo)

O médico que administrar o novo remédio deverá escolher um deles para ser ACRESCENTADO ao tratamento convencional com Interferon e Ribavirina. O novo remédio  não será um substituto, mas um aliado no tratamento hoje praticado .

Veja como serão as chances do Genótipo 1 , contra o que se atinge hoje.






Veja, abaixo, como devem ser administrados os novos remédios
                 
                 
REMÉDIO TRATAMENTO INÍCIO TRATAMENTO Detalhe        
      TOTAL          
INCIVEK 12 semanas Junto com Interferon Para Todos os Pacientes Além de aumentar as chances de cura  
      Segue só com o Int+Rib o remédio promete reduzir o tempo de tratamento 
      por 24 semanas para quem negativar até a 4a. Semana pela metade, para mais de 60% dos tratados.
      de tratamento          
      Quem não negativar  na 4a. , faz          
      48 semanas          
BOCEPREVIR Varia 4 semanas após início          
    do int+Rib Para Pacientes nunca Tratados          
      28 semanas para quem negativou até 8a. Semana          
      36 semanas para quem negativou até a 24 semana e depois segue com int+rib até a semana 48  
                 
      Para Pacientes que já se trataram Antes          
      36 semanas para os que negativaram na 8a. Semana+ sequência com Int+Rib até    
      semana 48          
                 
      48 semanas com terapia dos 3 remédios, para quem só negativou na semana 28    

Estes dois medicamentos agem principalmente no genótipo 1. Eles aumentam a chance de cura para até 65% (com os remédios atuais, as chances são de 40% para o genótipo 1).

ADMINISTRAÇÃO DOS REMÉDIOS

O médico deve optar por 1 deles. Este remédio novo escolhido será administrado junto com os atuais INTERFERON e a RIBAVIRINA.

EFEITOS COLATERAIS DOS NOVOS MEDICAMENTOS

Os efeitos colaterais já conhecidos e mais comuns dos novos medicamentos são erupções cutâneas ( "rash")  ou uma espécie de urticária. Estes efeitos podem ser tratados com medicamentos específicos e costumam desaparecer em torno de 2 semanas.

QUANDO CHEGAM NO BRASIL?

A expectativa, desde a aprovação dos remédios nos E.U.A. é a de que a ANVISA brasileira (órgão regulador de medicamentos no Brasil) conceda a liberação em um prazo também expresso e que os remédios estejam disponíveis ainda no ano de 2011.

UM MERCADO BILIONÁRIO

A hepatite C é a doença “do momento”. É considerada a maior epidemia da humanidade nos dias atuais.

Há, no mundo, uma população de aproximadamente 200 milhões de pessoas infectadas com o vírus.

Os remédios disponíveis hoje em dia, o Interferon e a Ribavirina, são de administração delicada, por eventuais efeitos colaterais.

Além disso, o índice de cura é em média somente de 50% dos casos tratados.

Isto leva à obvia necessidade da criação de novos medicamentos.

Há, hoje em dia uma quantidade imensa de medicamentos (cerca de 800) em estudos. Alguns em fases muito avançadas, já.

Este fato dá, ao portador de hepatite, um alento muito grande de que em um futuro muito próximo haverá a cura total da doença, com medicamentos muito mais simples, rápidos e sem efeitos colaterais.


Novo remédio, aprovado no dia 22 de Julho ainda não tem data definida para ser lançado


O remédio Victrelis é o grande esperado para salvar a vida de milhares de pessoas que tem o genótipo 1 da hepatite c, mas que não respondem ao tratamento atual.

O medicamento foi aprovado em tempo record pela Anvisa, mas ainda precisa de outros trãmites para ser comercializado. A expectativa é de pelo menos outros dois meses de espera.
Anvisa libera remédio contra a hepatite C
Autor(es): Júnia Gama
Correio Braziliense - 26/07/2011

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, ontem, a comercialização do primeiro antiviral direto para o tratamento da hepatite C no Brasil, o Boceprevir. O medicamento, conhecido internacionalmente como Victrelis, é produzido pelo laboratório americano MSD. Segundo a empresa, ele é capaz de aumentar em até três vezes as chances de obter a cura da doença em pacientes que nunca foram tratados e naqueles que não obtiveram sucesso com o tratamento atualmente disponível.

O remédio foi aprovado para a comercialização nos Estados Unidos em maio deste ano e, na Europa, na semana passada. O Boceprevir é uma terapia adicional, que deve ser administrado em terapia tripla, combinado com o Peginterferon e a Ribavirina, que são os medicamentos usados atualmente no tratamento da hepatite C no mundo. O gerente médico de virologia do laboratório, Felipe Rogato, afirma que, com a combinação, é possível aumentar as chances de cura dos atuais 40% para 63%.

A aprovação ocorre pouco antes da comemoração do Dia Mundial da Hepatite, na próxima quinta-feira, data oficializada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, há cerca de 1,5 milhão de portadores da doença. Cerca de 10 mil pessoas são infectadas pelo vírus anualmente. Na quinta, será divulgado, pelo Ministério da Saúde, o Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais 2011. O órgão adiantou que não houve grandes mudanças no número de pacientes com a doença em relação ao relatório passado.

Segundo o ministério, a expectativa é de que o novo medicamento seja incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, deverá passar por análises da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS, que tem um prazo de seis meses para avaliar a questão, após a entrada do produto no mercado. O valor de comercialização do medicamento ainda não foi definido. O laboratório prevê um prazo de cerca de três meses até que a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos chegue ao preço final. Somente após
esse prazo, o Boceprevir deve passar a circular no mercado brasileiro.

TRATAMENTO E CURA

Tratamento e Cura
As hepatites têm tratamento e grande chance de cura.

O tratamento é um pouco duro, mas é tolerável e cura cerca de 50% das pessoas infectadas.

REMÉDIOS


Os remédios aprovados pelos órgãos de saúde para tratamento da hepatite c são 2:

- INTERFERON e

- RIBAVIRINA.

Eles devem ser usados em conjunto.

TRATAMENTO


O Interferon é uma injeção subcutânea, de agulha super fina, que deve ser aplicado 1 vêz por semana.

A Ribavirina é uma cartela de cápsulas e a indicação é de aproximadamente 4 comprimidos por dia. A dose varia de pessoa a pessoa, de acordo com o peso e resistência aos efeitos colaterais que cada um apresenta.

DURAÇÃO DO TRATAMENTO

O protocolo de tratamento prevê uma duração de 6 meses de tratamento para os infectados com os genótipos 2 e 3. Para os de genótipo 1, a duração é de 1 ano.

CUSTO DO TRATAMENTO


Embora o tratamento tenha custo elevado, se comprado por conta (aproximadamente US$ 30.000,00 pelos 12 meses) praticamente todos os pacientes se tratam gratuitamente, com os remédios sendo fornecidos pelo SUS.

COMO CONSEGUIR OS REMÉDIOS DE FORMA GRATUITA


O seu médico tem os formulários necessários para apresentação no SUS. Ele vai preencher para você (peça a ele que faça isso, pois o formulário é burocrático e difícil) e você deverá levá-lo até o posto de entrega de medicamentos que ele indicar.

O pedido deverá ser acompanhado de uma série de resultados de exames que você tenha feito (seu médico vai lhe instruir).

O SUS vai analisar o seu pedido e liberará os medicamentos em período de aproximadamente 1 mês. Este tempo pode estender-se, às vezes, até a 3 meses.

ENTREGA DOS REMÉDIOS


O SUS indicará um dia a você (provavelmente farão contato por telefone) para que sejam retirados os medicamentos.

Normalmente, você deverá ir retirar um lote a cada 30 dias. Eles não entregarão todos os remédios de uma vez, a fim de evitar que isso cause um comércio paralelo.

EFEITOS COLATERAIS DOS REMÉDIOS

Os remédios têm efeitos colaterais que variam de pessoa a pessoa.

O mais forte é o INTERFERON que pode apresentar uma série de efeitos.

Apresentamos, abaixo, uma lista dos efeitos que PODEM acontecer. Isto não quer dizer, obviamente, que eles VÃO acontecer.

O medo dos efeitos colaterais do remédio, principalmente do INTERFERON é o grande fantasma de quem está para iniciar o tratamento.

Por isso, gostaríamos aqui de comentar o seguinte:

Os efeitos são diferentes em cada pessoa?
Embora isso seja o que mais se ouça, em nossa opinião essa resposta, é falha. E deixa o paciente completamente perdido. O que ocorre é que, por haver muita variação de reação entre pessoas e pessoas, o que o paciente tem que observar é a MÉDIA de incidências de cada efeito. Assim, vai ver a chance que ele tem de experimentar cada um dos efeitos listados.

Quando você ver a lista dos efeitos que “podem” ocorrer, isto é, que já ocorreram num universo de milhares e milhares de pessoas, observe a porcentagem de incidência.

Exemplo:

1- Sintomas de gripe forte, como calafrios, febre, dores de cabeça, tosse, etc – Experimentado por 70 a 80% dos pacientes.

2- Perda de audição – Experimentado por 0,0002% dos pacientes que já tomaram.

Ou seja: Você tem muito mais chances de ter o sintoma 1 do que o 2. As suas chances de ter o 2 são como a de ganhar na Megasena…

É uma questão de estatística. E para isso que serve a lei das médias.

EFEITOS COLATERAIS INTERFERON


EFEITOS COLATERAIS RIBAVIRINA

Obs: Se você ler qualquer bula que seja, ali estarão diversos efeitos possíveis. Mesmo que seja uma simples Aspirina, alguém, em algum lugar, em alguma hora, já teve algum efeito pelo consumo.

O TRANSPLANTE DE FÍGADO


Há duas espécies de transplantes – uma onde somente parte do fígado é removida e receberá parte do fígado de um doador, que se acrescentará ao órgão do receptor, compondo com esse.

Na segunda modalidade, é realizada a total remoção do órgão e substituição pelo órgão doado. Esta é a mais comumente realizada nos dias de hoje.

CHANCES DE SOBREVIVÊNCIA AO TRANSPLANTE E QUALIDADE DE VIDA

Por mais incrível que possa parecer, o transplante de fígado não é algo “de outro mundo”. A grande maioria das pessoas que se submetem a esse procedimento sobrevivem à cirurgia e continuam vivendo normalmente num período de estudo de 5 anos. Mas, é claro, a sobrevida vai muito, muito além desse tempo de estudo.
A percentagem de sucesso na cirurgia é em torno de 80%.

Os relatos dos pacientes transplantados são muito favoráveis.

CUIDADOS E DICAS


CUIDADO COM OS FANTASMAS

Embora você não deva subestimar a dureza do tratamento, pois ele será de no mínimo 6 meses e com drogas fortes, aconselhamos você a escutar mais o SEU MÉDICO e menos as outras pessoas.

Muito cuidado em interpretar tudo o que lê na internet. Motivo: ela pode passar a impressão de que TODO MUNDO que toma o remédio tem problemas. Quando, na verdade, isso é uma falsa impressão. As pessoas que tiveram problema tendem a querer manifestar-se, enquanto as que não tiveram, se mantém caladas.

Você terá a impressão, por isso, de que a média, ali é muito mais alta para os que tem problemas do que para os que não tem. E isso NÃO É VERDADE. É bem o oposto.

Observa-se que cerca de 85% a 90% das pessoas que iniciam o tratamento com as duas drogas conseguem levar as doses até a última semana indicada. Ora, se fosse tão ruim assim será que tanta gente conseguiria?

Portanto, vá tranqüilo, vá com calma. Vá com análise técnica. Escute o seu médico.

CUIDADO COM O USO DE MEDICAMENTOS EM GERAL

Quem tem o vírus da hepatite c não deve tomar medicamentos sem pesquisar se eles atacam o fígado. Há remédios que notoriamente são hepato-inimigos , como o Tylenol, por exemplo e devem ser evitados ou tomados em doses baixas.

Abaixo passamos uma lista dos medicamentos que são inimigos do fígado. A lista , embora não completa, lista os medicamentos mais comuns.

DICAS DA INTERNET SOBRE O TRATAMENTO

Na internet você conseguirá, isto sim, dicas importantes e espertas sobre como lidar com cada efeito que possa surgir, vindas de antigos pacientes.

Além disso, há, desde já, dois conselhos importantíssimos, que costumam funcionar com muitos pacientes:

1- Tomar 1 Tylenol 1 hora antes da aplicação do Interferon;

2- Tomar grande quantidade de água após a aplicação e durante todo o dia da aplicação. Muita água. Muito mais do que você já tomou até hoje. Tem pessoas que chegam a tomar até 10 litros. Não é necessário chegar a tanto, mas, quanto mais você ingerir, mais você vai “lavar” a toxidade do medicamento.

O QUE EU POSSO OU NÃO POSSO COMER E BEBER?

O consenso dos médicos é que você pode comer e beber de tudo. A única exceção, claro, é o álcool. Que deve ser abolido totalmente.

De nossa parte, recomendamos a você que faça um pouquinho de dieta evitando o consumo exagerado do seguinte:

1- Alimentos gordurosos;

2- Frituras;

3- Carnes vermelhas;

4- Doces.

GENÓTIPOS

Genótipos
O vírus da hepatite C possui variações que chamamos de genótipos. É comum ouvirmos falar dessa variação pelos médicos, já que cada genótipo apresenta uma resposta terapêutica ao tratamento com o Interferon e a Ribavirina.
Outro fator importante que deve ser considerado é a agressividade que cada genótipo do vírus HCV apresenta. Estudos recentes realizados na Suíça e publicados na revista Hepatology demonstraram essa variação da velocidade da progressão de formação de fibroses e no aparecimento da cirrose.
Existem até 11 tipos de genótipos da hepatite em todo o mundo, porém os três tipos mais comuns no Brasil são os genótipos: os tipos 1, 2 e o 3.
O genótipo 1 é o mais comum entre os pacientes infectados com o vírus HCV, porém é o mais resistente e mais difícil de tratar. Normalmente os pacientes com genótipo 1 submetidos ao tratamento com o Interferon e Ribavirina não respondem ao tratamento, tendo que fazer o re-tratamento posterior.
Muitos médicos os chamam de respondedores lentos ou não respondedores.
Os genótipos 2 e 3 são mais fáceis de tratar, ou seja, respondem melhor ao tratamento porém, o genótipo 3 é considerado o mais agressivo em relação a velocidade da formação de fibroses e cirrose, o que deveriam ser estudados na possibilidade de receberem o tratamento o quanto antes possível.
Veja abaixo a propagação geográfica dos diferentes tipos de genótipos da hepatite C pelo mundo:
Genótipo 1a - Encontrado principalmente na America do Norte e América do Sul, sendo também comum na Austrália
Genótipo 1b - Encontrado principalmente na Europa, na Ásia e regiões das Américas.

Genótipo 2a - É o subtipo do genótipo 2 mais comum no Japão e a China.

Genótipo 2b - É o subtipo do genótipo 2 mais comum nos EUA e na Europa Setentrional.

Genótipo 2c - É o subtipo do genótipo 2 mais comum na Europa Oriental e na Europa Meridional.

Genótipo 3a - Altamente prevalecente na Austrália (40% de casos) e sul da Ásia.

Genótipo 4a - Altamente prevalecente no Egito.

Genótipo 4c - Altamente prevalecente na região central da África.

Genótipo 5a - Altamente prevalecente na África do Sul.

Genótipo 6a - Genótipo restrito a Hong Kong, Macau e Vietnã.

Genótipos 7a e 7b - Genótipos comuns na Tailândia.

Genótipos 8a, 8b e 9a - Genótipos encontrados no Vietnã.

Genótipos 10a e 11a - Genótipos encontrados na Indonésia.

EVOLUÇÃO DA DOENÇA

Evolução
COMO A DOENÇA EVOLUI?

Desde o contágio, o progresso do vírus dentro do organismo é, geralmente, lento e dá-se ao longo de vários anos, até décadas. A média entre o contágio e a cirrose (estádio do fígado onde os danos já são permanentes) varia entre 20 e 30 anos.

Os estádios do fígado são mensurados assim:

F1 – Fibrose inicial

F2 – Fibrose intermediária

F3 – Fibrose avançada

F4 – Fibrose Hepática

O QUE É A FIBROSE HEPÁTICA?


O fígado, com o ataque contínuo do vírus, vai “descamando”. Porém, ele é um órgão com capacidade de regenerar-se e voltar a ser o que era.

A cada sequência de anos de ataque, o fígado apresenta um estádio. Isto é o resultado de várias “descamações”, que deixam cicatrizes como conseqüência. Os estádios são F1, F2 e F3.

Após uma série de décadas de ataque o fígado pode chegar a um ponto em que suas cicatrizes são tão fortes que não é mais possível regenerar-se. Este estádio é conhecido como Fibrose ou Cirrose Hepática.

EU TENHO CIRROSE. E AGORA?

A cirrose não é uma sentença de morte. Muitas pessoas convivem normalmente por anos, por décadas, por toda a vida com o que se chama “Cirrose compensada”.

A cirrose tem estádios. Ela pode ser inicial, compensada, onde o fígado realiza a maioria de suas funções normalmente – estádio chamado Child A.

A DESCOMPENSAÇÃO DA CIRROSE

O fígado, quando em estádio avançado de cirrose, começa a ficar mais mole, desmanchando-se e já não consegue produzir muitas das substâncias que são fundamentais para a digestão e filtragem do sangue.

SINTOMAS DA DESCOMPENSAÇÃO DO FÍGADO E SUAS COMPLICAÇÕES

Os primeiros sintomas que costumam aparecer são:

1-Vermelhidão nas mãos, pés e pernas;

2-Olhos amarelados.

Fase mais avançada:

1- Ascite (concentração de líquido no abdômen);

2- Icterícia (pele e olhos amarelados);

3- Confusão mental (encefalopatia).

Quando estes sintomas estão presentes, o caso geralmente é grave e requer o transplante de fígado.

UM POUCO MAIS SOBRE CONTAMINAÇÃO E CONTÁGIO

Contaminação e contágio
COMO EU POSSO TER ME INFECTADO?

A transmissão é através de contato sanguíneo. As formas mais comuns de contágio são através de:

Transfusões ou recebimento de sangue, após cirurgias, etc;

Uso de seringas compartilhadas, etc.

Outras maneiras menos freqüentes são também possíveis, como:

Dentistas;

Tatuagens;

Piercings;

Acupuntura;

Compartir instrumentos onde o sangue esteja presente. Ex: alicates de unha, aparelhos de barbear e depilação, escovas de dente, tubos de inalação de cocaína.

EU POSSO PASSAR A DOENÇA?

Sim. Por isso você deve tomar os seguintes cuidados:

Não compartir aparelhos de barba;

Evitar que outros usem seus instrumentos de higiene pessoal como alicates de unha, escova de dente, etc;

Não praticar sexo anal sem camisinha.

ISSO PASSA COM RELAÇÃO SEXUAL?

É muito improvável que haja transmissão do vírus em prática sexual vaginal. Outras formas de sexo, onde possa haver sangramento, todavia, devem ser evitadas ou feitas com muito cuidado e proteção de preservativos.


APOIO AO PORTADOR


APOIO DA FAMÍLIA

A partir da hora onde se tem o diagnóstico da hepatite C e obtem-se as primeiras informações sobre suas implicações, a vida da pessoa muda. E… desde ali, só se consegue pensar nisso. Em nada mais…

Não adianta aconselharmos que você pense em outra coisa, pois sabemos que você, provavelmente não vai conseguir.

Por isso, é importantíssimo que você DIVIDA as suas inquietações, preocupações, dúvidas e pesquisas com a sua família. Com todos, ou pelo menos com alguns membros mais próximos.

Esse apoio moral e psicológico será FUNDAMENTAL para que você consiga atravessar essa fase de sua vida.

APOIO DE COMUNIDADES E GRUPOS DE PORTADORES

Outra ajuda extremamente importante para os portadores do vírus tem sido o contato com pessoas que tem ou já tiveram a doença.

Aconselhamos que você entre em alguma comunidade de hepatite C no Orkut, por exemplo, que se inscreva, que participe dos fóruns de discussão e, logo fará diversos amigos. Você terá ali a compreensão direta de quem está experimentando o mesmo problema e a solidariedade e experiência dos que já passaram por isso.





segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CONSELHOS MÉDICOS PARA QUEM DESCOBRIU SER PORTADOR DE HEPATITE C.

O QUE É


Conselhos médicos para quem descobriu ser portador de Hepatite C.
 

Mantenha a calma! Você se sente bem ( tanto que só descobriu a doença ao doar sangue ou em um check up de rotina... ), e vive um pequeno conflito, estar doente sem nada sentir! Sente-se ainda com medo, raiva, com culpa, enfim com muitos sentimentos negativos. Por isso, calma e um pouco de conhecimento serão muito bons, e é isso que você encontrará no roteiro feito baseado no conhecimento médico atual e em minha experiência ao longo de vários anos cuidando de pacientes com a doença, cujas dúvidas são habitualmente aquelas que esclarecemos a seguir.
- Como eu me infectei?
  Certamente através do contato com sangue contaminado. Isso pode ter ocorrido há muitos anos, talvez décadas. A transfusão de sangue e derivados até o início dos anos 90 ( quando os doadores começaram a ser testados para Hepatite C ) representou uma via importante de contágio.O uso de drogas ( injetáveis ou inalatórias ) ou substâncias dopantes ( Glucoenergan por exemplo ) utilizando materiais compartilhados ( seringas e agulhas, algodão, canudos de aspiração ) também é, até hoje, fonte importante de contágio. Tratamentos médicos( cirurgias, diálise, endoscopia, etc ) e odontológicos podem também ser fonte de infecção quando não há o adequado cuidado (esterilização, uso de materiais descartáveis ) com os instrumentos e materiais usados – quem tem mais de 30 anos deve se recordar das seringas de vidro e agulhas de metal que foram muito utilizados. O contágio pode ter sido inaparente em barbeiros, manicuras, podólogos, tatuadores, acunpunturistas, ritos religiosos e qualquer outra prática em que exista a possibilidade, ainda que remota, de contato com sangue. O contato com sangue pode ser profissional ( trabalhadores da área da saúde, policiais, equipes de resgate, etc ) além do possível contato domiciliar ao se compartilhar objetos de higiene íntima ( escova de dentes, alicate de unha, barbeador, etc ) com familiares infectados. O contágio pela via sexual é infreqüente na Hepatite C, embora possa ocorrer, principalmente para pessoas com comportamento promíscuo onde as Doenças Sexualmente Transmissíveis ( DST ) podem ser facilitadores do contágio, sendo o HIV um fator importante nesse sentido. A relação homossexual possuí risco semelhante à heterossexual. Mulheres grávidas praticamente não transmitem o Vírus da Hepatite C ( VHC ) para seus filhos, nem pelo parto, nem pelo leite. A exceção entre as gestantes é para as co-infectadas pelo HIV onde a transmissão pode ocorrer. Finalmente, pessoas em situação social precária, vivendo de forma limítrofe                   ( aglomerações, compartilhamento de objetos, higiene deficiente ) estão mais expostas ao contágio, assim como pessoas confinadas em prisões ou instituições sociais ou de saúde ( orfanatos, centros correcionais, creches, asilos, etc).
É importante destacar que nos Estados Unidos apenas 10% das pessoas infectadas não sabem como se infectaram e que nessas havia uma situação social mais precária.No Brasil entre 30 e 40% das pessoas desconhecem como se infectaram.Se realizarmos um exame de consciência e memória, certamente em alguma situação das descritas anteriormente poderemos encontrar a maneira do contágio.É fundamental que o paciente seja fiel nas informações prestadas ao médico, que por sua vez deve ser discreto e sigiloso sob todos os aspectos inerentes ao relacionamento médico-paciente .
Destacamos ainda que a Hepatite C é doença democrática que não escolhe cor, classe social ou grupos específicos.NÃO SE SINTA MARGINAL E NÃO ACEITE DISCRIMINAÇÃO.COMBATA O PRECONCEITO !
- Mas afinal o que é Hepatite C ?
  A Hepatite C é uma doença infecciosa, ou seja é adquirida através do contágio com um agente transmissível, no caso o VHC, que após penetrar o corpo fica alojado principalmente no fígado onde se reproduz e perpetua-se. Esse vírus só foi descoberto em 1989 ( há apenas 13 anos!) embora já se desconfiasse de sua existência desde a década de 70 quando havia um grande número de casos de Hepatite não-A não-B, principalmente em receptores de transfusão de sangue. A história de sua descoberta é bem interessante, mas o importante é que embora recentemente descoberto o vírus já está presente há muito tempo o que explica o grande número de infectados. A maioria dos portadores desconhece sua condição o que é muito preocupante, pois a doença habitualmente evoluí silenciosamente! Os casos que têm sido diagnosticados são de pessoas infectadas há anos  e que desconheciam sua condição- usamos a expressão de só ver a ponta do grande iceberg submerso- já que infecções recentes são infreqüentes, pois o sangue atualmente é totalmente testado e existe muito mais cuidado com os materiais médicos em geral. Os casos de infecção aguda e recentes estão relacionados com comportamentos de risco (principalmente o uso de drogas ). Há ainda a possibilidade de falha em algum dos mecanismos de controle e que ocorra o contágio por utilização de materiais inadequadamente esterilizados ou não descartáveis e até mesmo pela transfusão de sangue, embora essa situação seja rara.É fundamental fiscalizar e exigir boas condições higiênicas nos estabelecimentos que fazem qualquer tipo de procedimento, médico ou não, mas que possa envolver sangue !
 
- Como o VHC se comporta no meu corpo?Qual é a evolução da doença ?
Ao contrário do que você possa imaginar, nesse tópico daremos informações mais realistas do que sensacionalistas. A Hepatite C é uma doença potencialmente fatal e grave, portanto muito preocupante, mas que na maioria das vezes evoluí de forma benigna.
Não conhecemos ainda exatamente tudo que ocorre à partir da infecção mas, de forma sucinta, sabemos que o VHC se reproduz no fígado e em alguns sítios extra-hepáticos numa velocidade e quantidade enormes ( na ordem de 1012 vírions por dia com vida média de 3 horas). Da mesma forma ele é destruído nessa quantidade e velocidade, de forma que um equilíbrio se estabelece entre a produção e destruição do vírus, havendo uma quantidade constante de VHC no organismo. O VHC é destruído pelo sistema imunológico do portador, que acaba destruindo também o hepatócito infectado. No entanto o sistema imune é incapaz, na maioria dos casos, de eliminar o VHC. Isso só ocorre mediante uma resposta linfocitária altamente eficaz, rápida e compartimentalizada no fígado. Tal só ocorre em aproximadamente 20% dos pacientes que se curam. Nos 80% restantes há a cronificação, ou seja o VHC se perpetua. Ficou evidente que a interação vírus-paciente é determinante para a progressão da doença e como cada paciente e cada cepa viral possuem suas particularidades, as variáveis determinantes do desfecho clínico tornam-se numerosas. Complexo, não é? Note ainda que devido a grande velocidade de replicação viral, essa ocorre de forma imperfeita, ou seja , cada geração viral é diferente entre si de forma que cada paciente possuí uma população exclusiva e heterogênea(“quasispécie”). Os anticorpos assim não conseguem reconhecer os vírus que se modificam rapidamente e esse processo de diferenciação ao longo do tempo acarretou diferenças regionais entre as populações de VHC que se divide em tipos virais –1 a 6– com particularidades e patogenicidade diferentes. O VHC é um organismo altamente capaz para atacar e sobreviver!
Entre as habilidades desse agente uma das mais traiçoeiras é a de ser silencioso, ou seja, toda essa guerra descrita ocorre sem manifestações clínicas para a maior parte dos pacientes. A doença é assintomática! O sintoma que pode ocorrer é um cansaço atípico, sendo os sinais e sintomas mais severos detectados apenas em fases muito avançadas (cirrose). Não espere os populares “ olhos amarelos”, “urina cor de Coca-Cola”, etc. Por outro lado a evolução da hepatite é habitualmente lenta, levando décadas para que um grau de lesão significativo ocorra. Além disso 80% dos portadores crônicos terão uma progressão estável e pouco importante e apenas 20% terão cirrose, e desses aproximadamente 8% terão câncer de fígado. No entanto é muito difícil determinar com certeza como será a evolução de cada paciente, embora tenhamos alguns dados demográficos, epidemiológicos e laboratoriais que nos ajudem. Não sabemos ainda se esses percentuais evolutivos são definitivos, pois a doença é muito recente e o número de casos acompanhados vai aumentar, fornecendo um melhor conhecimento da História Natural da moléstia. No geral não fique preocupado, pois só o médico munido de seus dados poderá avaliar em detalhes sua situação, mas  você tem uma grande chance de estar bem. Não aceite o terrorismo, não se torture, seja realista, lide com fatos!
 
-Quais são os exames que eu preciso fazer ?
  Os exames possuem finalidades diferentes.Temos exames que confirmam o diagnóstico, exames que servem para definir a necessidade e o tipo de tratamento e exames de avaliação da lesão do fígado e extensão do comprometimento da doença.
Para confirmar o diagnóstico fazemos em duplicata os testes para detecção de anticorpos contra o VHC, hoje basicamente restritos ao EIA de 2 e 3ª Gerações. Nesse momento aproveitamos para procurar anticorpos contra outras hepatites, que se estiverem presentes serão devidamente analisados e se ausentes indicam a necessidade de vacinação contra as Hepatites A e B. Nessa primeira etapa, aliando os dados epidemiológicos com os valores do EIA já podemos saber se a infecção está ou não presente.Para a real confirmação do diagnóstico devemos executar a pesquisa do RNA viral através do PCR qualitativo- e é muito importante que seja qualitativo ou quantitativo com um limite de detecção baixo para evitar o FALSO NEGATIVO. Aliás tenha em mente que todo exame de laboratório está sujeito a falhas e imperfeições do método, portanto nenhum resultado é 100% confiável e definitivo, dependendo sempre da correta interpretação por um médico qualificado. Tal fato não significa que os exames relacionados a Hepatite C não sejam confiáveis, pelo contrário, apenas alertamos que devemos ter um elevado padrão de qualidade para que os resultados sejam confiáveis.
Após a confirmação do diagnóstico estabeleceremos a necessidade e o tipo de tratamento baseados na biópsia hepática, na tipagem viral e em sua quantidade, além de outros fatores clínicos, epidemiológicos, demográficos e laboratoriais. Provavelmente você já conversou com algum profissional, amigo ou leu algo sobre todos esses exames. Gostaria de alertar que existe no Brasil uma situação IDEAL e outra do POSSÍVEL. Restrições econômicas, regionais, de convênios, e outras nem sempre permitem que todo o necessário seja feito. Mesmo quando todas as ferramentas diagnósticas estão disponíveis, freqüentemente ocorre um uso incorreto ou excessivo dessas. Assim tenha em mente isso e discuta com seu médico quais são os exames realmente necessários e opte pelos métodos mais seguros, eficazes, simples e baratos, pois muitas vezes o paciente paga pelos exames. Considerando tal fato podemos afirmar que indispensável mesmo é a biópsia hepática. Os demais exames se estiverem disponíveis serão muito importantes, mas não imprescindíveis. Vivemos uma explosão de técnicas e métodos laboratoriais para determinar tudo que necessitamos. Há que se ter responsabilidade na utilização desses, afim de evitar os custos excessivos e a interpretação incorreta dos resultados.
Em relação aos exames de avaliação da função hepática e extensão da doença, estes são simples e de há muito são de rotina. Habitualmente realizamos um estudo hematológico, provas de função hepática, pesquisamos doenças associadas e fazemos uma ultrassonografia hepática. Eventualmente necessitamos de endoscopia digestiva ou métodos de imagem mais sofisticados.
 
 
-Qual é o tratamento para a hepatite C ?
 
O tratamento para a Hepatite C começa muito antes do remédio! Na verdade começa no diagnóstico pois quanto mais cedo a doença for conhecida e mais precoce a decisão terapêutica, melhor. Notar que foi usada a expressão “ decisão terapêutica”. De fato, o tratamento deve ser ponderado entre o médico e seu paciente pois não temos uma medicação 100% eficaz e as melhores que dispomos possuem um custo excessivo e efeitos colaterais por vezes severos. Assim, lembre-se que nem todos os pacientes vão evoluir desfavoravelmente e por isso muitas vezes a decisão é não tratar! Nesses casos fazemos um rigoroso acompanhamento médico e, a menos que tenhamos um remédio que certamente vai curar o paciente (o que infelizmente ainda não ocorre), não tratar é o melhor.
Após a primeira medida “terapêutica”, o diagnóstico, recomendamos algumas ações que vão melhorar o fígado e desacelerar a progressão da doença. Assim não ingerir álcool é FUNDAMENTAL. Perder peso nos obesos, parar de fumar e manter a glicemia sob controle, são medidas que recentemente mostraram-se importantes. Evitar o contágio por outros vírus é muito importante. A vacinação contra a Hepatite A e B nos susceptíveis e a mudança de comportamento de risco para infecção pelo HIV são medidas que devem ser tomadas.
Uma vez que seja tomada a decisão pelo tratamento farmacológico, devemos estabelecer um objetivo terapêutico. Para o paciente e mesmo para muitos médicos o objetivo primário do tratamento é a cura, eliminação do VHC. Isso no entanto freqüentemente não é possível pois os medicamentos disponíveis dependem da interação vírus-sistema imunológico do paciente (que é modulado pelos fármacos usados). Assim o insucesso é real quando esse objetivo é o principal, pois não temos como interferir nessa relação vírus-sistema imune-medicamento. Cada paciente é único! O que devemos ter como objetivo primário é a melhora da histologia hepática!!! Estudos recentes demonstram que mesmo em pacientes que persistem infectados, há uma significativa melhora do fígado após o tratamento. Existem estudos em andamento que visam inclusive estabelecer tratamentos de manutenção para não respondedores com hepatopatia avançada. Assim, primeiro melhorar o fígado e se possível eliminar o VHC!!!! Isso deve ser considerado pelo médico e pelo paciente antes de decidir interromper um tratamento por falta de clareamento viral!!
Atualmente possuímos como tratamento padrão a associação do Interferon (convencional ou Peguilado) à Ribavirina. A dose e esquemas possíveis são variáveis, sendo que o médico deverá analisar cada paciente para decidir o que é melhor. Atualmente vivemos uma polêmica à respeito do Interferon Peguilado, aparentemente superior ao convencional. Em minha opinião essa é uma polêmica desnecessária pois o peguilado já se mostrou superior e pelo menos é mais cômodo porque é semanal. Assim não se trata de polêmica científica e sim mercadológica e econômica, pois se o preço do peguilado fosse menor certamente esse já seria o único Interferon disponível ! Como é assunto desgastante recomendo aos pacientes ficar fora desse duelo, deixando ao médico a opção pelo que é melhor para si, e para as ONGs a briga pela disponibilização dos melhores tratamentos, que no momento é o Interferon Peguilado.
Nos próximos anos, inibidores de proteínas virais serão disponibilizados e uma nova linha terapêutica se iniciará. Como você percebe não estamos entrando em detalhes e números, pois esses podem ser manipulados ou não ser absolutos dependendo ainda de inúmeros estudos clínicos que são disponibilizados continuamente. Peço que você converse sempre com seu médico ou acesse os sites dos laboratórios ( clique em LINKS) para ter acesso a tais dados e se manter atualizado. Saiba no entanto que para cada paciente há uma opção terapêutica satisfatória, mesmo que não definitiva, e que essa opção pode ser até mesmo o não tratamento!
Finalmente, para alguns pacientes a única opção restante é o transplante hepático. Se esse for seu caso confie na equipe que está cuidando de seu caso pois certamente após o transplante sua vida será plena. Não tenha medo !
 
-E agora, estou só ?
  Não! Sob vários aspectos você não está só. Estimamos que 2 a 3% da população do Brasil possua o VHC. O número de infectados no mundo é seis a sete vezes maior que os de portadores do HIV. A OMS estima que 170.000.000 de pessoas estejam infectadas no mundo todo. Em países da África ainda existem milhões de novos contágios pelo uso de material médico não descartável! Milhares de pessoas estão começando a se conscientizar sobre o problema e descobrindo que estão infectadas. A Hepatite C é a maior causa de transplante hepático e cirrose no Mundo e as mortes decorrentes de suas complicações deverão aumentar significativamente nos próximos anos. Além disso não há vacina para preveni-la. A Hepatite C é uma epidemia real, é a epidemia desse século.
Pois é, infelizmente você não está só! Mas esperamos que baseado nas informações que você leu seja possível desmistificar alguns fatos, esclarecer mais pessoas e, se você conhece alguém que possa estar infectado que a incentive a se cuidar. Esperamos ainda que você se lembre que não está só porque nós estamos aqui, profissionais e ONGs, lado a lado para lhe ajudar e dar apoio. Recomendamos que você divida seus eventuais temores com outros pacientes, através das ONGs, e tire suas eventuais dúvidas com seu médico. Mas, o que eu mais recomendo é que você enfrente os fatos com maturidade e serenidade pois eles podem ser melhores do que você imagina! E não se esqueça de ser feliz, pois isso o VHC não consegue impedir! Um abraço.
 
Dr.Evaldo Stanislau Affonso de Araújo.
Especializado, Mestre e Doutor em Moléstias Infecciosas  pela FMUSP.
 
Fonte:GRUPO ESPERANÇA                  http://www.grupoesperanca.org.br/