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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O QUE ACONTECE NA VIDA REAL NO TRATAMENTO DA HEPATITE C?



O que acontece na vida real no tratamento da hepatite C?


Enquanto aguardamos dados sobre o número de pacientes curados, os efeitos colaterais e o manejo dos pacientes com a utilização dos inibidores de proteases que a partir de julho de 2010 estão sendo utilizados em vários países, uma excelente analise do tratamento tradicional está sendo publicada pela revista Antiviral Therapy.

O objetivo do estudo foi documentar na vida real da pratica clínica as características e manejo de pacientes infectados com hepatite C tratados com interferon peguilado (Pegasys) e ribavirina e a resposta sustentada (pacientes curados).

Os dados de 2.066 pacientes incluíam 70% recebendo tratamento antiviral pela primeira vez e, 30% eram retratamentos. O genótipo 1 estava presente em 53% dos pacientes e 38% infectados com os genótipos 2 ou 3, os 9% restantes eram infectados com outros genótipos. 35% apresentavam elevada fibrose (F3) ou cirrose (F4)

O tratamento de 18% dos pacientes durou 24 semanas e 39% dos que tiveram indicação para tratamento de 48 semanas interromperam prematuramente o tratamento, principalmente por causa de efeitos colaterais.

A cura foi conseguida por 39% dos pacientes que iniciaram tratamento. Entre os que foram tratados pela primeira vez, 43% ficaram curados da hepatite C, contra 31% dos que receberam o retratamento por terem fracassado a um tratamento anterior.

Ao descartar os pacientes que por diversos motivos interromperam o tratamento e analisar o que aconteceu com os que completaram o tratamento previsto, a cura total atingiu 49% dos pacientes, sendo 54% entre os que receberam tratamento pela primeira vez e 37% entre os que receberam o retratamento.

Entre os pacientes que recebiam tratamento pela primeira vez a cura foi obtida por 42% dos infectados com o genótipo 1 e 69% dos infectados com os genótipos 2 e 3.

Nos infectados com o genótipo 1 que receberam tratamento antiviral pela primeira vez o estágio da fibrose foi o melhor indicador para obter a cura. Os que não apresentam fibrose (F0) a cura foi de 69% dos pacientes, entre os que a fibrose era moderada (F1 e F3) a cura foi de 44% e entre os que apresentavam fibrose elevada ou cirrose (F3 e F4) a cura foi de somente 31%.

Nos infectados com os genótipos 2 e 3 tratados pela primeira vez a carga viral abaixo de 800.000 UI/Ml e a idade inferior aos 40 anos foram os principais fatores preditivos para obter a cura.

Entre os pacientes que recebiam retratamento por terem fracassado a um tratamento anterior os fatores preditivos para obter a cura foram apresentar baixa carga viral, um estágio de fibrose mínimo (F0 ou F1) e a complementação das 48 semanas de tratamento.

Concluem os autores que os resultados obtidos confirmam os apresentados em ensaios clínicos e outras publicações.

MEU COMENTÁRIO:

Confirmam os dados a importância de diagnosticar o mais precocemente possível os milhões de infectados com hepatite C. Ao saber que se o indivíduo infectado com o genótipo 1 que apresenta fibrose mínima possui uma possibilidade de cura de 69%, mas que se ele chegou a uma fibrose elevada ou a cirrose a possibilidade de cura será de somente 31%, menos da metade, fica a pergunta: Porque esperar para encontrar os que estão perdendo a vida?

Os outros pontos do estudo são simples de interpretação, isto é, a adesão e completar o tratamento indicado pelo médico é fundamental para conseguir sucesso com o tratamento, daí que quando os pacientes são atendidos em centros de tratamento assistido multidisciplinar muitos conseguem completar o tratamento e por isso o número de pacientes curados aumenta em 25%.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Pegylated interferon-?2a plus ribavirin for chronic hepatitis C in a real-life setting: the Hepatys French cohort (2003-2007) - Bourlière M, Ouzan D, Rosenheim M, Doffoël M, Marcellin P, Pawlotsky JM, Salomon L, Fagnani F, Rouanet S, Pinta A, Vray M. - Antiviral Therapy (an official publication of the International Society of Antiviral Research). 2012;17(1):101-10.
Service d'Hépato-Gastroentérologie, Hôpital Saint-Joseph, Marseille, France.

Carlos Varaldo

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